O Clássico Voltou!

Post date: Apr 15, 2015 2:39:23 PM

Quando começa a primavera, voltamos à cena do Jogo do Ano. Alguns, quase todos, os jogos importantes e relevantes para o prémio, já terão sido jogados e, tirando uma ou outra excepcional sexta feira, ou sábado, daqui em diante, dedicamo-nos ao que bem nos apetecer jogar. Algumas vezes até se procuram esses candidatos para se jogar novamente mas, por experiência, é raro.

Os anos passam e os clássicos, precisamente por serem clássicos, vão ficando na memória dos dedos. São aquelas peças, são aqueles mapas - alguns destes mapas já têm marcas da idade, como uma boa vida - são aquelas caixas, aqueles sons. Jogos novos que impressionem, como se imagina, é sempre mais raro como a raridade tem de ser.

Numa destas semanas que vêm, depois do assunto jogo do ano arrumado e quando surgir a pergunta no ar: “o que é que vamos jogar?”, alguém atirará com um descuidado “escolhe tu”. Alguém irá fazer isso porque, esta é a realidade, não se sabe o que jogar depois do cérebro ter estourado tudo em novidades. Queremos voltar aos clássicos, ao berço, mas desencontramos forças para a escolha. Mas alguém terá de escolher porque a responsabilidade é assim - sobre alguém.

Talvez este, talvez aquele, conversa-se em amena discordância e nada de muito concreto aparece. Até que o incumbido corajoso sobe as escadas com a missão de trazer o santo graal daquela noite. E afasta-se da mesa, encosta a porta como que a esconder o passado para a novidade e sobe as escadas. Sobe as escadas. Sobe as escadas. Ouvem-se os murmúrios e os bitaites de quem, apesar de não ter tido bolas para assumir a escolha, ainda assim, argumenta, puxando uma graçola fácil de riso nervoso. O riso nervoso tenta adivinhar o que aí vem, a graçola tenta, cobardemente, pesar na escolha do jogo. Finalmente anuncia-se que a escolha está feita porque o som das escadas desce e não mente. Agora, alguns passos separam a porta silenciosa da revelação da escolha. A porta desliza da direita para a esquerda, revelando a caixa de jogo, somente no último suspiro. Toda a cena pára em suspenso, como se a protagonista do filme entrasse agora, vestido longo e cabelo arranjado, nunca assim vista, com música especial a acompanhar o momento. É o regresso épico de um clássico. O prazer a espreitar nas entrelinhas de uma escolha de meses, o descanso. Com a porta escancarada, a caixa brilha em reflexo deixando um derradeiro prazeroso nano-segundo em suspenso. Finalmente as cores, o formato e o imaginário da caixa, revelam o que aí vem: “Bora lá!”