Santiago

SANTIAGO (2003 - Claudia Hely e Roman Pelek)

Eu gosto de leilões. Tenho que admitir que gosto dum jogo que meta leilões. Apimentam a coisa...

Existem jogos que usam o leilão como uma mecânica adicional para o melhorar, como é o caso de POWER GRID, PRINCES OF FLORENCE ou AMUN-RE. Outros existem que fazem do leilão o seu leit-motiv como o MODERN ART, o MEDICI ou o FOR SALE. E depois há SANTIAGO...

AMBIENTE - Em SANTIAGO (SANTY para os amigos) cada jogador é um latifundiário que procura adquirir para si as melhores plantações, aglomerá-las de forma a aumentar a sua capacidade produtiva e irrigá-las para que não sequem.Um minimalista tabuleiro castanho, serve de base para toda esta operação. A qualidade dos componentes é razoável destacando-se a utilização de cores poucos habituais como o beje e o lilás para compôr a estética dos meeples. Três palmeiras de plástico e tiles de um bom cartão juntam-se à festa. Só o dinheiro é que destoa. São Escudos e parecem saídos de uma edição barata do MONOPÓLIO. Tudo bem acondicionado numa grande e bonita caixa da Amigo Spiele. Mas no plano geral, o jogo escapa com nota positiva na apresentação.

ESTRUTURA - À vez cada jogador faz uma oferta pelo display de tiles disponíveis. Esse display compõe-se por um número de tiles igual ao número de jogadores em jogo. No início de cada turno, vira-se um determinado número de tiles que podem representar até 5 tipos de plantações (Batata, Feijão, Cana-de-Açucar, Piri-Piri e Banana) e toda a gente oferece um valor. O jogador que bidar mais alto, escolhe primeiro e assim sucessivamente até todos terem um tile na mão. Cada jogador pode optar por passar em vez de bidar e o primeiro a fazê-lo vai ser o último a escolher, mas em contrapartida será nesse turno o Chanel Overseer (aguadeiro, para os amigos). Adquiridas as plantações, e por ordem da bid anterior todos colocam as plantações no tabuleiro mais os respectivos trabalhadores (que podem ser 1 ou 2, dependendo do ícone gráfico inscrito no próprio tile). Colocadas as plantações, toda a gente faz uma proposta em dinheiro ao aguadeiro, para que ele faça a àgua passar pelas zonas que mais lhes convém. Basicamente, trata-se de uma fase de suborno (como em CAYLUS) onde se negoceia e alicia de forma a sermos beneficiados no trajecto da àgua. E isto é importante, porque cada plantação que no final do seu turno não tenha conseguido ser irrigada, perderá um trabalhador por turno. E quando já não houver trabalhadores e se persistir a seca a plantação secará, transformando-se num deserto que desvalorizará todas as outras plantações adjacentes.

Neste jogo o dinheiro é escasso e obriga os jogadores a terem que passar num ou noutro bid, por forma a poderem vir a beneficiar da fase de suborno.

No fim do jogo valorizam-se as plantações em dinheiro, soma-se ao que ficou em carteiro e o gajo com mais graveto é o vencedor.

O jogo é bastante fluído e interactivo. Quer os leilões quer os subornos apimentam o jogo e depois ainda há a colocação das plantações que exige perspicácia e inteligência. O sistema de pontuação final pode deixar em alguns jogadores um amargo de boca, ou porque sabe a pouco ou porque nem sempre é fácil de perceber quem vai ser o latifundiário-mor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS - SANTIAGO é muito bom. Não tenho dúvidas. É um jogo relativamente rápido (60 a 75 minutos), para 3, 4 ou 5 jogadores, com regras simples e lineares e, ainda assim, suficientemente profundo e estratégico para gamers da pesada. Podendo, por outro lado, também ser jogado com casual gamers ou mesmo non-gamers. O que contribui ainda mais para a importância deste jogo em qualquer colecção.

Eu tinha uma grande fezada neste jogo e ele não me desilidiu. Viva SANTIAGO!!

NOTA: 8

Luis Costa