Battle Line

BATTLE LINE (2000) - Reiner Knizia

Publicado pela GMT e desenhado por Reiner Knizia, BATTLE LINE é um Card Game para dois jogadores com uma duração aproximada de 30 minutos.

Como já é hábito na maioria dos jogos de Knizia, também neste o tema é colado a cuspo. Supostamente, BL representa um jogo de guerra entre dois jogadores ao longo de uma linha de batalha com nove frentes. Claro que a sensação de estarmos perante um jogo de guerra não existe, trata-se mais de um jogo de cartas onde a sorte desempenha um papel relevante, mas onde acima de tudo os jogadores usam da astúcia, da dedução e do bluff para levar de vencida o adversário. Neste sentido BL assemelha-se muito mais a uma variante de POKER para dois jogadores, do que a um wargame.

Mas desenganem-se se pensam que o jogo é desinteressante. Nada disso, o jogo é tenso, estimulante, diria mesmo, agonizante, com decisões difíceis para tomar, ou não tivesse ele o selo da GMT.

O jogo é composto por dois decks de cartas, as troop cards e as tactics cards. As primeiras são 60 cartas divididas em seis baralhos de cores distintas numeradas de 1 a 10. As segundas são compostas por 10 cartas que servem para influenciar as primeiras. Finalmente temos 9 pinos vermelhos, ou flags, que são dispostos numa linha horizontal entre os dois jogadores representando no seu conjunto a linha de batalha do jogo e representando cada um desses pinos uma frente de batalha distinta.

O objectivo do jogo é conquistar 5 batalhas ao adversário, ou em alternativa (mas mais difícil), conquistar 3 batalhas adjacentes. No início de cada partida cada jogador recebe 7 troop cards, as restantes são colocadas num monte viradas para baixo numa das extremidades da linha de batalha. Na outra extremidade são colocadas as tactics cards também viradas para baixo. Para cada frente de batalha (e são nove, correspondendo aos nove pinos), cada jogador possui 3 slots imaginárias para pôr cartas e é a combinação destas cartas que vai definir o vencedor de cada frente de batalha. Existem 5 formações possíveis, a saber (e por ordem de valia):

Wedge (3 cartas consecutivas da mesma côr);

Phalanx (3 cartas do mesmo valor, ou trio);

Battalion Order (3 cartas da mesma côr, sequênciais ou não);

Skirmish Line (3 cartas consecutivas, independentemente da sua côr);

e Host (qualquer outra combinação de cartas).

À vez, cada jogador joga uma carta num pino à sua escolha e depois vai a um deck à sua escolha e retira a carta que está em cima, para refazer a sua mão. Ou seja, os jogadores terão sempre na mão 7 cartas. À medida que se vão jogando cartas vão surgindo oportunidades de conquistar pinos e consequentemente ganhar frentes de batalha. Para reclamar uma vitória, o jogador terá de ter já preenchido as 3 slots dessa batalha e terá de provar, baseando-se nas cartas que estão à vista de todos (nunca poderá revelar o conteúdo da sua mão) que o adversário não poderá bater a sua formação. Deste modo, BL transforma-se num jogo de gato e rato, de muita paciência, astúcia e dedução, por forma a optimizar melhor as suas tropas e levar de vencida o adversário. As tactics cards permitem influenciar as formações. Elas são 10 cartas, todas diferentes e possuem habilidades distintas. Um dos aspectos mais interessantes deste jogo (e aqui é preciso dar os parabéns a Knizia), é que existe uma regra muito simples para a utilização destas cartas especiais. Um jogador nunca poderá jogar uma destas cartas sem que o adversário jogue também outra. Ou seja, nunca poderá haver uma diferença superior a 1 entre este tipo de cartas jogadas entre os dois jogadores. Esta regra muito simples, impede, por um lado, que um jogador ganhe demasiada superioridade em relação ao outro; e por outro lado, pode funcionar como travão ou mecanismo de defesa. As cartas tácticas existentes são as seguintes:

Leader Alexander (é um jóker; pode ser jogada directamente na formação e representa a côr e o valor que o jogador determinar quando a jogar);

Leader Darius (idem);

Companion Cavalry (pode ser jogada directamente na formação e representa um 8 da côr que o jogador determinar);

Shield Bearers (pode ser jogada directamente na formação e representa a côr que o jogador quiser num valor não superior a 3);

Fog (é jogada para afectar uma batalha e elimina a contagem por formações, ao invés a batalha é decidida simplesmente pelo somatório dos valores das cartas);

Mud (é jogada para afectar uma batalha e aumenta as slots disponíveis de 3 para 4);

Scout (jogando esta carta o jogador pode ir buscar 3 cartas aos decks que entender e descarta quaisquer 2 cartas que entenda, colocando-as em cima dos respectivos decks);

Redeploy (jogando esta carta o jogador pode trocar uma carta já jogada entre duas batalhas activas);

Deserter (é jogada para afectar uma batalha e permite eliminar uma carta adversária);

Traitor (é jogada para afectar uma batalha e permite passar uma tropa do lado adversário para a formação do jogador).

Em caso de empate numa determinada frente, perde o jogador que jogou para ela em último lugar. As regras de BATTLE LINE são simples e muito fáceis de explicar, mesmo a quem nunca jogou um boardgame. Já ganhar o jogo é outra conversa... as decisões são complexas e muitas vezes múltiplas, tornando-o estimulante. E o facto de se jogar em meia-hora ou menos ainda o torna mais desejável, quase viciante...

Não costumo jogar muitos jogos para 2 jogadores nem sequer conheço muitos. Mas este BL já é o meu preferido, superior a ROMA, LOST CITIES e BATTLELORE.

Costa