Gangster

GANGSTER (2007) | Thorsten Gimmler | Mayfair Games e Amigo Spiele | 2 a 5 jogadores | +/- 90min |

Thorsten Gimmler não será nenhum dos grandes designers contemporâneos, nem as suas obras têm a relevância das de outros autores. Autor de jogos tidos como ligeiros e muitos deles para 2 jogadores apenas, destaca-se na sua obra o jogo de cartas NO THANKS! e o two-player abstracto ATON.

A sua última criação, GANGSTER, lançada como cabeça de cartaz da Amigo na edição passada da Feira de Jogos de Essen, será porventura a sua primeira tentativa para abandonar um estilo familiar e ligeiro e entrar numa fase mais euro, mais complexa.

Aquando da feira de Essen de 2007, quando eu e o Soledade caminhávamos por entre os muitos stands das editoras presentes, a banca da Amigo impressionou pelo destaque imenso a este jogo. Ao ponto de termos trazido connosco uma cópia, o que não era certamente nossa intenção.

Cinco meses depois e após termos jogado a maior parte dos pesos pesados de 2007, chegou a altura de pôr o GANGSTER na mesa.

O tabuleiro minimalista não impressionou e a leitura das regras antevia um jogo simples e sem grandes ambições. No tabuleiro, uma cidade dividida em vários bairros serve de ponto de partida para este "area control". Os jogadores interpretam o papel de gangs mafiosos de famílias distintas que procuram por via de 2 mecanismos curiosos e divertidos espalhar influência pelos vários bairros. Na sua vez de jogar um jogador opta por fazer uma de duas acções ou move o seu carro ou carrega/descarrega gangsters, podendo inclusivamente dar uma porrada num gangster rival, pô-lo na bagageira do carro e despejar o desgraçado no rio Hudson. E assim carregando, descarregando e eliminado cubinhos dos bairros, os jogadores vão construíndo ou desconstruindo a sua influência pela cidade. Cada jogador possui um set de 3 cartas (de valores 1, 2 e 3) e que representam a sua capacidade de movimentação. Sempre que um jogador opta pela acção movimentar joga uma destas cartas e só pode voltar a utilizá-la quando gastar os movimentos das outras duas cartas. sempre que um jogador gasta os movimentos das suas 3 cartas, recupera-as para a sua mão e vira uma carta de distrito ou bairro que identifica um novo local para se colocar uma ficha de "x2", significando que este bairro durante o próximo score vai valer a dobrar. Logo que sairem todas as fichas de "x2", dá-se um score e calcula-se a influência de cada jogador em cada bairro. E esta é a surpresa que Thorsten Gimmler nos preparou. No início de cada partida são baralhados uns tiles que mostram a quantidade de espaços disponíveis para pôr cubos em cada bairro, e cada um destes tiles tem um valor de pontuação que pode ser 5/?/2/4 ou 3/5/2 por exemplo. estes valores representam os Pontos de Vitória que os jogadores vão receber de acordo com as suas maiorias. Nalguns sítios, quem tem a maioria ganha mais PV, mas noutros é o 2º classificado que ganha mais PV. Este mecanismo dá ao jogo uma jogabilidade interessante e é uma maneira nova e original de se fazer "area control".

Para além disto tudo há ainda um conjunto de “power-ups” que se conquistam sempre que um jogador vai ao porto despejar alguém ao rio e que apimentam o jogo e lhe dá ainda mais “flavour”.

Existem vários tipos de “powers” tipo a metralhadora que permite carregar para a bagageira gangsters de bairros adjacentes e o “bumper” que permite empurrar um carro adversário para um bairro adjacente.

Ao fim de 3 scores, ganha quem tem mais PV e é proclamado "King of New York"!

O que é que há a dizer sobre este GANGSTER? O jogo em si é mediano, para não dizer medíocre, mas é também um jogo bastante temático e divertido até devido à possibilidade de podermos capturar gangsters alheios e atirá-los ao rio. Isso é fixe! Como diz um "geek" numa "session report" do BGG: "come for the theme, stay for the math". Esta frase sintetiza para mim as virtudes de GANGSTER, tema e matemática. O tema é forte e o jogo obriga a fazer contas para nos posicionarmos da melhor maneira possível, mas sem nunca deslumbrar.

Achei este jogo mais interessante que outros jogos de 2007, mormente THE CIRCLE, DIE WIEGE DER RENAISSANCE e mesmo MING DYNASTIE, mas mesmo assim estará sempre mais perto do carro vassoura do que do camisola amarela na corrida ao top de 2007.

Com preços a rondar os €30 este será uma aquisição apenas obrigatória para quem fôr apanhado pelo tema.

A minha nota: 6.5

Costa