1989 – A queda do muro… ou da esperança

A expectativa em relação a este jogo estava lá em cima, mesmo nos píncaros. A comparação óbvia com o Twilight Struggle, um tema mais actual, em que todos (ou quase) nos lembramos dos eventos (sim, estou a ficar velho), uma nova abordagem nas pontuações, etc. Na passada quarta-feira, (16-05-2012) joguei dois jogos, um de cada lado da barricada. Sei que não dá para tirar todas as dúvidas nem ter 100% de certezas sobre um jogo, mas… já é melhor que 54% (estarei a ser generoso?!) das reviews que são feitas após um jogo apenas.Não vou abordar em grande detalhe as regras, pois isso já o fiz na minha preview. Estas serão mencionadas apenas para descrever situações específicas.

O jogo

Seis países do lado de lá da cortina de ferro tentam cair nos braços da democracia libertando-se assim das garras do comunismo. No jogo um dos jogadores representa a democracia que está de braços abertos, pronta a receber os países, enquanto do outro o jogador que representa a ideologia comunista tenta a todo o custo agarrar esses mesmos países.

Jogar do lado Comunista é o mesmo que estar com uma corda ao pescoço e sentir o nó a apertar cada vez mais. Um sufoco. Não estou a dizer que o jogo está desequilibrado, pois no final a recompensa por existirem países que ainda partilham esta ideologia é muito grande, mas a pressão é constante. Parece-me (e não sou o único pelo que tenho lido) que os eventos para o democrata são mais fortes e ajudam mais, afinal a história está do lado deles. Eu gosto deste tipo de pressão, mas um jogador termina o jogo lavado em suor :)

A comparação com o Twilight Struggle

É impossível fazer uma análise a este jogo sem o comparar com o Twilight Struggle. As regras são praticamente iguais, os eventos, pelo menos uma parte deles são os mesmos, o mapa é numa escala inferior, mas em que tudo é semelhante, por isso, esta é a comparação que eu faço.

Sorte: A sorte foi mitigada em muitas partes do jogo. Ou seja, ela está lá, mas agora depende mais do jogador puxar ou não por este factor.

A Tiananmen Square Track (Space Track no TS) permite aos jogadores descartarem uma carta sem que o seu efeito aconteça, contudo podem ganhar um bónus ao fazê-lo. Enquanto no TS existe um pré-requisito para o valor da carta, sendo que este serve apenas para isso, aqui isso não acontece. Ou seja, para atingir o primeiro espaço, o democrata precisa de obter um cinco. Este número é obtido com o valor da carta mais um lançamento de 1 dado. Descartando uma carta de 4 o sucesso é automático, pois por muito azar que tenha, irá sempre obter um 1 no dado. Claro que o jogador pode tentar arriscar e descartar uma carta de 2 e aí já precisará de ter um 3 ou mais no dado. Como disse, a sorte foi "mitigada" neste aspecto.

Existe um evento similar ao "Bear Trap" mas também aqui o valor da carta que se descarta influência no valor total a ser obtido. Parece-me o ponto mais positivo no jogo.

Defcon Status Track: Ou melhor a falta dela. O facto de não existir um controle sobre os Support Checks (os Coups do TS) permite que os jogadores possam estar a constantemente a fazê-los. Além disso sempre que se joga 1 carta para fazer Support Checks são feitos 2. Aquilo que foi referido anteriormente em relação à sorte é "dizimado" aqui com a falta desta track. Além disso existem imensos eventos que permitem fazê-los. Sendo que os Support Checks são um misto de Coups com Realignments, pois ao valor da carta soma-se e subtrai-se o número de regiões controladas pelos jogadores que são adjacentes ao local onde está a ser feito o Support Check, isto permite que um jogador possa vir a ser erradicado completamente de um país. Esta é para mim a grande falha do jogo.

Deck Management

Um dos factores que os novatos no Twilight Struggle mais deixam "escapar" é a gestão do baralho. Para mim este é um dos aspectos mais interessantes do jogo. Claro que com apenas 2 jogos não dá para tirar grandes conclusões, mas o facto de muitos eventos serem "obrigatórios" e além disso muitos deles serem removidos do jogo faz com este factor seja menos relevante no 1989. Outro factor relevante é que o baralho de Early Year ter 40 cartas, o que faz com que rode menos que o deck de Early War do TS.

Conclusão

Não se deixem enganar por este meu texto pessimista. O jogo tem os seus encantos. Acho que comparando-os o 1989 em MEU entender este jogo é mais fraco. Se a sequência de saída dos jogos fosse outra, se calhar estaria aqui pessimista em relação ao TS. Claro que o irei jogar mais vezes (e muitas, espero), mas parece-me que irá ficar sempre aquele "amargo de boca".

Fica aqui a promessa que sairá uma review mais completa e exaustiva após o meu 10º jogo.

Na Zdorovie!!!

Carlos Ferreira

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