2006

Imperial

Depois da publicação e do conhecimento público do mais importante prémio de Boardgames da actualidade, vamos agora revelar qual é o vencedor de "Jogo do Ano" do Spiel Portugal. Este prémio, como sabem, em termos de importância, vem logo a seguir ao Spiel des Jahres alemão.

A eleição...

O júri que elege este prémio, tem 4 representantes, todos eles pertencentes ao spielportugal. Cada um dos 4 representantes escolheu um conjunto de dez jogos (produção de 2006), colocados por ordem de preferência, para submeter a votação. Depois de encontrados os 5 mais votados, interligando todas as listas, fez-se uma votação para encontrar os primeiros 3. Desta lista surgiram Perikles, Shogun e Imperial.

Cada um destes jogos, depois, foi votado em 5 categorias/critérios: rejogabilidade 3 valores, mecânica 4 valores, produção 4 valores, tema 4 valores, tempo/diversão 5 valores.

Eis os resultados finais:

Jogo RJ Mec Prod Tema T/D Total

Imperial 2,64 3,60 3,15 2,75 3,88 16,01

Perikles 1,89 2,65 2,35 3,20 3,56 13,65

Shogun 2,14 3,10 3,70 3,65 3,25 15,84

O grande vencedor de Jogo do Ano 2006 é, portanto, Imperial. O autor, Mac Gerdts irá receber o troféu, criado para o efeito, e contamos com alguns comentários do próprio a este anúncio.

Eis também algumas reacções internas à consagração de Imperial. Umas mais bem digeridas que outras mas, enfim, todos achamos, genericamente, que o prémio foi bem atribuído. Uma vez mais, parabéns Mac Gerdts e Eggert-Spiele. Forte abraço e até para o ano.

Comentários...

"Imperial foi a minha primeira escolha. Não tendo entrado, logo à partida, para concorrer directamente como Jogo do Ano, deixei-o pousar e percebi que ali estava um jogo do catano! Muito denso, todas as decisões de todos os jogadores de todos os turnos estão intrinsecamente ligadas. E tudo isto baseado em 0% de sorte. Aleatoriedade existe, sobretudo se pensarmos na forma como os acontecimentos se vão desenrolando. Apercebemo-nos que a(s) jogada(s) dos nossos adversários podem trazer algo favorável, ou não, para a nossa estratégia. Mas todos podem conseguir facilitar essa estratégia.

O rondel, essa maravilha de mecânica só suplantada pela torre do Shogun (Wallenstein), tem de ser muito bem trabalhado para se atingir os melhores resultados mas nunca (sublinho nunca), se conseguirá encontrar uma estratégia decorada que consiga sair sempre vencedora. A não ser que joguemos contra test dummies.

Sem dúvida, o melhor do ano.

Paulo Soledade

"Longe vai o tempo em que eu jogava RISCO e já nesse período de ignorância eu fugia a sete pés da Europa. Tinha muitas fronteiras e era virtualmente impossível de defender. Meia dúzia de anos depois, já longe da obscuridade volto a cruzar-me com um jogo, muito diferente do anterior, mas com um mesmo denominador comum, a impossibilidade de me defender numa Europa constantemente saqueada pelos poderes invisíveis dos grandes magnatas. IMPERIAL é esse jogo, um brilhante design de Mac Gerdts que eleva a um novo patamar os jogos de estratégia politico-militar. O jogo é denso, pesado e de difícil digestão. Exige aos jogadores uma atenção e astúcia ímpares. IMPERIAL é claramente um peso-pesado.

Apesar de não ter sido uma das minhas primeiras escolhas para esta votação, é um jogo que surge colocado no meu top10 para 2007. Não ganhou o meu preferido, mas ganhou um justo vencedor."

Luis Costa

"O jogo do ano é atribuído por 4 pessoas. Aliás neste caso três... ou duas... questão de maioria, de democracia... de representação, de intriga política, de guerra, cidades estado... mas não vamos por aí. Quem foi o jogador do ano ? Simão Sabrosa ! nem mais... aqui no blog ninguém apostou no Moutinho, no Liedson ou até no Quaresma ou Lucho...

É óbvio que o Imperial é um bom jogo.

- Tem um bom nome: Imperial ! (nada como Shogun ou Perikles - péssimos nomes)

- Tem componentes muito bons (acções-dinheiro-madeira e mais madeira... impressionante)

- Dura cerca de meia eternidade (fantástico para quem gosta de fumar charutos)

- O tema é uma pérola: alguém que controla acções de países de forma a controlar o governo e os destinos de uma nação. Os mais facciosos chamam-lhe "lobyistas" - vai um bocadinho de cuspo para ver se cola?

- Os jogadores que controlam umas nações têm que atacar outras e não podem controlar outras de forma ao jogo resultar... esquisito? passo a dar a explicação que os iluminados me deram: A Áustria e a Rússia na mesma mão são têm que ser combatidas pela Alemanha e Itália. (a Alemanha e a Rússia também chega para ganhar...) A Inglaterra e a França entretêm-se a olhar uma para a outra. - hummmm... cheira-me a esturro...

- Tem uma inovação fantástica e nunca vista: o rondel (espectacular ver como qualquer jogador experiente consegue percebe-lo e combinar as mesmas 3 acções -por vezes vem a 4ª- ao longo de 4 horas...

- Ah mas tem porraaaadaaaa ! ou então não... pelo menos a mecânica de resolução de combates é original...

- No fim fica a sensação de equilíbrio no jogo. A distância entre 1º e último nunca ultrapassa a dezena de milhar de milhão.

Mas o Simão é um bom jogador.

Mas o Perikles é melhor... ou Sócrates... ou péle...

Imperial - ou uma forma antikuada de dizer :

Boring !"

Nuno Sentieiro

"Será que este foi o melhor jogo editado em 2006? Na minha opinião e dos tive hipótese de experimentar eu digo que sim. Claro que tínhamos outros candidatos. Shogun, Perikles, BattleLore, apenas para nomear alguns, mas nenhum, na minha opinião chega perto do Imperial.

No Imperial todas as decisões são relevantes. Tudo o que alguém faz tem uma implicação directa no nosso jogo, nem que seja indirectamente. A interacção é elevada ao extremo, apesar do jogo não ter guerra aberta. Claro que nem tudo são rosas. Ficar sem o controlo de 1 país pode ser aborrecido, e ficar a ver os outros jogar sem nada para fazer pode diminuir o interesse pelo jogo, mas isso são riscos que se correm, e que devem ser prevenidos. A guerra é também fundamental no final do jogo, para prevenir as taxations num país à beira da vitória. O jogo é, também, muito cooperativo, e deve ser entendido como tal. Se não existir cooperação, o país que vai à frente, dificilmente será apanhado… mas digam o que disserem, este é um jogo BRUTAL. Pode não ser muito inovador, dizem uns, mas o Rondel aqui funciona muito bem, e não é por ser algo que já foi utilizado antes, que não é original. Pelo menos eu penso assim.

Acho que o prémio está muito bem entregue. Foi a melhor surpresa do ano, e excedeu em muito as minhas expectativas."

Carlos Ferreira