Bison

Título: BisonAutor: Wolfgang Kramer; Michael Kiesling

Ano: 2006

Editora: Phalanx Games

INTRODUÇÃO

E a dupla Kiesling, Kramer está de volta. Títulos como Maharaja, Tikal, Torres ou, mais recentemente, Australia, são, concerteza, nomes que já ouvimos falar. Alguns pelo seu sucesso outros pelo seu insucesso, como Australia, por exemplo. E é, novamente, no domínio do area control, que esta dupla se volta a encontrar. Com algumas coisas boas, é certo, mas também com muitas falhas.

TEMA

Se por um lado podemos achar de grande originalidade o tema apresentado neste jogo, tribos Índias da América do Norte que caçam e pescam e fazem coisinhas com comida e montam cabanas, por outro reparamos que a distância do jogo para o tema é, pelo menos, idêntica à de El Grande - imensa. E falo de El Grande porque, para além de ter Kramer enquanto co-autor, é por muitos considerado o expoente máximo daquilo que é um area control game. Em El Grande esta falta de compromisso entre o tema e o jogo é desculpável, talvez, devido à qualidade do resto. A elegância, a originalidade da inclusão do factor surpresa através do castelo ou o pequeno (minúsculo) "leilão". Em Bison, a falta de criatividade, as acções demasiado repetitivas, o tempo de jogo quase absurdo para o que tem de se fazer, não nos deixam apagar esta falha. Ainda por cima dá ideia de ser demasiado redundante. O facto de se obterem três tipos de recurso e eles, em conjunto, só serem necessários para comprar índios, canoas ou tendas, mostra alguma redundância.

MATERIAL

Aqui não há falhas. A produção do jogo é, relativamente, bem conseguida. O desenho é bonito, com os tiles que vão formando o tabuleiro de jogo, de boa qualidade, embora de formato algo estranho, com cubos de cores evidentes e pequenos tiles de tendas e canoas simples mas eficazes. Cada jogador recebe também um tabuleiro de jogo privado onde se vão registando os recursos que se vão obtendo.

O JOGO

Sendo um area control game, o objectivo principal é controlar as diferentes áreas de cada tile/tabuleiro, sendo que estes são divididos em três áreas distintas - rios, montanhas e planícies. Cada uma destas áreas tem desenhadas imagens, em quantidades variáveis de tile para tile, peixes, águias e bufalos. O que estas imagens determinam é, por exemplo que, se num rio estiverem desenhados dois peixes significa que quem domina esse rio tem direito a somar na sua tabela pessoal de recursos, dois peixes. O mesmo acontece com os búfalos e com as águias. Para lá das áreas, existem também regiões. As regiões são a continuação de uma determinada área. Significa isto que, numa determinada continuação de um rio ou montanha, por exemplo, podem coexistir vários jogadores. Aquele(s) que estiver(em) em maioria, possuindo uma canoa ou uma tenda, recebem o correspondente à totalidade da caça que nessa respectiva região, existe. O processamento das acções é, relativamente, simples. Das seis acções possíveis, três delas têm que ver com movimentação de índios e uma outra é (quase) obrigatória - colocação de tile. A única coisa que, de facto, acrescenta algum poder de decisão, é o timing de execução das acções, controlando ou tentando controlar ao máximo os nossos adversários. Porque das tais seis acções possíveis, por turno, só se podem realizar quatro. E isso exige algum jogo de "cintura". Guardar para mais tarde ou antecipar uma jogada pode ser importante. Tirando a colocação de tile e os três tipos de movimentações de índios, sobra a colocação de tendas e de canoas para completar o leque de seis acções disponíveis.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A espectativa era grande, confesso e, talvez por isso, tenha ficado tão desapontado com Bison. Daí também, provavelmente, resultar uma crítica que pode ser negativa demais. Se assim for, perdoem-me os autores. Não se trata de má fé.

Para quem gosta de area control não aconselho este jogo. Falta-lhe algum equilíbrio entre todos os recursos que se conseguem e o resultado final. Ou seja, se temos três tipos de recursos amealhados durante o jogo que nos permitem fazer as tais "compras" de índios, o final/objectivo do jogo torna-se incoerente quando, unicamente, pede a soma total de recursos conseguidos. Ao invés, um sistema de pontuação equilibrado, idêntico ao de Tigris e Euphrates, por exemplo, tornaria, na minha opinião, o jogo mais graciosamente competitivo. Se temos cinco águias, três bufalos e três peixes, o resultado final não deveria ser 11 e sim 3.

Não sendo um mau jogo, é demasiado longo para o que se consegue. Em relação a isto, e porque se trata de uma opinião pessoal, acho que este factor tempo/diversão é dos mais importantes que um jogo pode ter. Também encontro este defeito em Caylus, perdoem-me os mais puristas...

Entre 25 a 30€, Bison pode ser uma boa aposta para quem gosta de um jogo de sorte mínima, com boa interacção, de decisões relativamente simples e fácil de jogar.

Classificação: 7

Paulo Soledade