Lobo

Ora então a primeira novidade. A novidade das novidades. O spielportugal foi contemplado com uma cópia de um jogo produzido especialmente para Portugal. Isso quer dizer, pelo menos, uma coisa - há jogos produzidos para o mercado português. E é um bom hábito, parece-nos a nós. nada como captar novos utilizadores (está na moda a expressão) com coisas feitas em português para Portugal. Mas vamos ao jogo...

Lobo é um jogo de "tira tile põe tile" - à semelhança de Carcassonne, um dos clássicos mais jogados de sempre - com uma produção muito acima da média, pelo menos, em termos de qualidade dos componentes. Os tiles que vêm na caixinha são muito bons, com um desenho muito bonito, embora algo infantil, de resto, como o próprio tema, e com um saquinho escuro de onde se tiram os tiles. Não tem grandes coisas lá dentro mas, o que tem, apresenta-se bem e é competente. Com uma ligeira excepção. Os tiles têm desenhos de ovelhas e pastos e aldeias e florestas e caçadores e, la pièce de résistence (o autor é francês e, portanto, isto serve de homenagem) de lobos que, para além disto tudo, têm duas faces. Ou seja, em termos práticos, a visualização das peças não é, de todo, simplificada. As decisões, não sendo muito difíceis, tornam-se algo "pesadas" devido a esta escolha do melhor tile a colocar em determinada situação, também porque esta visualização não é facilitada. Se, ao invés, cada peça tivesse somente um lado, a decisão era mais simples e facilitava a vida do jogador. Mas, quem sabe, não será este um objectivo do jogo? Para além disto há também a questão do limite de peças que cada jogador tem na mão. este limite não existe. Ou seja, a determinada altura, podemos cerca de 10 peças na mão (vinte faces) e as decisões arrastam um bocado.

Como objectivo o jogo é simples - ganha o jogador que conseguir colocar o maior prado de ovelhas da sua cor, a salvo do lobo mau. A curiosidade/originalidade de Lobo reside, então, em dois factores. O primeiro tem que ver com o facto de, cada jogador, jogar com a cor do seu rebanho, escondida. Ou seja, até ser revelada a cor, opção feita durante o desenrolar da partida, ninguém sabe que cores têm os seus adversários. A segunda, e aqui entra a maior dificuldade, é a altura em que se desiste de colocar tiles. O jogo termina quando, ou todos os tiles tenham sido colocados ou todos os jogadores passem. Passar em primeiro oferece 6 VP's, em segundo, 3VP's e, em terceiro, 1 VP. Não havendo muitas decisões difíceis no decorrer do jogo, esta, a da desistência é, sem sombra de dúvida, a mais complicada. Porque dá um bónus muito importante ao jogador que opta por abandonar em 1º lugar mas com riscos muito elevados. Ou seja, depois de abandonar o jogo, quem o fizer, não pode colocar mais tiles na mesa e, portanto, ficará à mercê dos lobos que possam atacar o seu rebanho sem que, contra isso, possa fazer alguma coisa. Por outro lado, mesmo sendo atacado, os 6 VP's do primeiro e corajoso desistente, podem ser determinantes para a vitória.

No conjunto, Lobo é um jogo divertido, familiar, com uma produção boa, mas com alguns problemas, nomeadamente, em relação à leitura dos tiles. Esta dificuldade de leitura provoca também algum tempo morto que pode prejudicar a fluidez num jogo que, claramente, não pode demorar mais de 30 minutos.

De louvar o facto de ser produzido em português pela Morapiaf que, esperamos, continue a produzir para Portugal mais alguns títulos porque, só desta forma, espalharemos a semente dos jogos de sociedade. A eles fica também, e uma vez mais, o agradecimento de toda a equipa do spielportugal.

Material: 2.5/3 Interacção: 2/3 Mecânica: 1.5/3 Tema: 1.5/3 Estratégia: 2/3 Tempo/Diversão: 2.5/4 Regras: 1/1

Classificação: 13/20