Eleições

Porque estamos em período de reflexão - é assim que se chama agora - o Spiel Portugal resolveu fazer um de muitos possíveis tops de jogos sobre eleições. Uns mais óbvios que outros, outros melhores que uns, enfim, é um top pessoal que não pretende ter os melhores. Pretende ter uma escolha. A minha! E será a primeira lista de jogos políticos sem Die Macher!

Cada jogo será escolhido seguindo uma teoria: como, em Portugal, os partidos se assemelham a penas de badminton (tecnicamente chamam-se volantes - esta comparação tem que ver com o peso e a trajetória que cada um dos partidos tomam), resolvi escolher um jogo por partido. Da esquerda à direita, uma escolha sinistra, pelo menos, dos mais qualificados jogos de teoria política.

1. In the Shadow of the Emperor (BE) - A controvérsia do sistema político, a pandilha dos que escolhem os cargos. Ser chefe de estado com 15 anos pode ser o próximo objectivo do empowerment bloquista. Porque não?! Há partidos que vivem sempre na sombra. Este, o bloco, começou por ser um bloco e hoje já aspira e consegue resultados de partido. Na sombra ou não, os resultados estão à vista de todos e o sucesso é indesmentível. Mesmo que à custa de uns casamentos mais convenientes ou de algum caos escondido. O espírito de "la revolution" trotskista acenta que nem uma luva no imperador de ideologia Lenine. Será que teremos uma câmara assim?

2. Kremlin (CDU) - Aqui a escolha era simples. O jogo é político, antigo, muito antigo, os mecanismos são velhinhos, muito velhinhos e os resultados do jogo são sempre bons. Mesmo que não sejam assim tão bons. Na verdade, Kremlin é um jogo inesquecível e que nos deixa um brilhozinho de nostalgia nos olhos - de rir! Para além disso, o tema é tudo - intriga política acima de todas as médias, traições e facadas (algumas à vista de todos). Tem tudo este Kremlin português.

3. Perikles (PS) - Perikles (nome de político grego) é um jogo brilhante na sua génese. Um conceito diferente, com mecânicas inovadoras e, no papel, perfeito. É tão perfeito na sua génese quanto mau na sua conclusão. As escolhas dos melhores candidatos para aqueles locais, os chamados, "jobs for the boys". Não há canditato?! Mete-se este aqui! Não há onde meter ninguém? Manda-se tirar alguém para depois se substituir. Os locais serão todos preenchidos, tal e qual os cargos de administração de uma qualquer empresa do Estado.

4. Sylla (PSD) - Um sistema que não funciona. O combate à fome que nunca chega, as revoltas sociais que não acontecem. Aposto que o autor do jogo queria que os votos somassem de forma mais lógica e que o jogo evoluísse com critério, um critério desgovernado e caótico. Mas não. As forças naturais dos jogadores tornam este jogo num boneco de testes, programado para estar a fazer sempre a mesma coisa. E nunca acontece nada. Nada. Seca de jogo. Os votos compram-se com dinheiro e a cidade constrói coisas em grande como o coliseu. Às tantas foi o Frank Gehry que projectou o Coliseu de Sylla.

5. Tribune: Primus Inter Pares (CDS) - Nada como meter as famílias a funcionar em harmonia para conseguir os favores das gentes. Pessoas de altos cargos, famílias com história. Na lógica, se precisamos de um favor amarelo, é à família amarela que vamos buscar favores. A elegância de um sistema que até da latrina consegue favores. Porque o local de escolha não é importante. Sérios são os que buscam os favores dos deuses. Estão mais próximos Dele, dirão alguns. Eu não sei. Para mim Ele está-se a borrifar porque, se não, tinha mudado os votos do sim para o não, no último referendo. A seguir com atenção este jogo de top com o astral em alta.